Nos dias 12 a 16 de março de 2007, mobilizam-se comunidades, indígenas, quilombolas, comunidades ribeirinhas, barranqueiros, pescadores, e entidades organizadas, como: o MST – Movimento dos Sem Terra, Pastoral da terra, APOINME – Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo), ASA -Articulação do Semi-Árido Brasileiro, entre outras mais, para protestar contra, essa insanidade do governo Lula, em querer fazer a transposição do rio São Francisco.
Tivemos também organizações de estados que serão beneficiados, como o Ceará e Paraíba, que vieram nos apoiar e fortalecer nosso movimento, e dizer não a transposição. Sabemos que existem projetos capazes, não de acabar a seca, mais de facilitar as comunidades catingueiras a conviver com ela. Com a implantação desses outros projetos não precisamos mudar as leis da natureza, apesar de já ter sido mudada uma vez, com a construção das barragens de Sobradinho, com capacidade de 33.000 milhões de metros cúbicos de água, Itaparica com 11.000 milhões de metros cúbicos, e outra mais que foram, construídas ao longo do rio, até sua foz, no mar.
A barragem de Itaparica é onde estão planejando ser os pontos de partida, para inicio dos canais, sendo que um sairía das terras indígenas Truká, e o outro entre a cidade de Floresta e Petrolândia, cruzando as terras indígenas do Pipipãs e Kambywas, seguindo até o estado da Paraíba e Rio Grande do Norte.
Hoje vemos as mudanças climáticas! E isso é os resultados da destruição o “progresso”, mas nós índios não buscamos esse tipo de “progresso” para o nosso mundo. Essa é a destruição de 60 anos, amanhã não sabemos como será. No Brasil a situação tende a se agravar mais. E pelo jeito parece que não estamos aprendendo nada com o que já está acontecendo, esse plano de mudar o curso de um rio é mais um desses absurdos que o homem está fazendo no planeta.
Natureza e povos ameaçados pelo projeto de transposição. O governo Lula tem atropelado a sociedade para implantar uma mega-obra que beneficia a poucos, o verdadeiro objetivo da transposição é atender a interesses empresariais e políticos.
Sabemos que mais de 70% dessa água será destinada para produção e exportação de frutas e criação de camarão, 26% será para o setor industrial e centros urbanos. E apenas míseros 4% destinada à população carente do semi-árido que está espalhada nas caatingas! Até hoje muitas pessoas passam fome e sede não muito distante do São Francisco, e essa é uma obra injusta contra essas pessoas que vivem as margens do rio. As comunidades indígenas vêem o rio São Francisco como uma veia de nosso próprio corpo e queremos que esse patrimônio de todos nós seja respeitado e tratado como ele merece. Não se tira sangue de um paciente já doente como é nosso rio! Com isso queremos apenas garantir a continuação da natureza como nosso pai eterno a fez. Nós indígenas, lutamos pela nossa fonte de sobrevivência que é o nosso Velho Chico, moramos às margens dele, e nos vemos na obrigação de protege-lo a qualquer custo, porque acreditamos que não se deve mexe com a mãe natureza.

Pergunto a vocês ?
“O que será que ainda falta acontecer para aprendermos todos essa lição?”

Noberto (Cõan pank)
E-mail: coan@indiosonline.org.br