“Pode ser clandestino, mais tenho fé que vou chegar lá na minha querida Aldeia Pankararu. O importante é eu voltar pra lá, de onde sai.”
As primeiras migrações feitas pelos Pankararu de Pernambuco para São Paulo, foram entre a década de 50, em caminhões de pau-de-arara, caronas e ônibus.
Devidos os conflitos e busca de melhores alternativas e oportunidades de uma vida melhor. Não que na aldeia não seja boa, mais por conta das invasões dos posseiros, ficando com as terras produtivas e deixando as improdutivas para nós.
Hoje não vejamos a hora de nossos pais falarem: “- Vamos todos embora para a Aldeia.” Ficaríamos super contente quando esse dia chegar, pois não vemos a hora e de preferencia não deixar nenhum outro parente Pankararu nosso aqui.
Devido muitos caboclos está trabalhando e estudando aqui na cidade de São Paulo, não temos alternativas, há não ser ir visitar nosso povo na Aldeia nas férias, seja ela do trabalho ou da escola.
Dessa forma matamos a saudades dos nossos parentes e fortalecemos cada vez mais nosso vínculos culturais, como dançar um toré no terreiro, chupar manga, pinha (“Fruta do Conde”), caju, umbu, saborear uma gostosa tapioca, biju e etc.
Como a questão de trabalho (emprego) está ruim pra todos os cidadãos, muitas vezes alguns parentes não tem nem dinheiro para pagar uma passagem de ônibus para retornar para Aldeia em busca de rever seus familiares. Na maioria das vezes as passagens são pagas parceladas ou nos meses que está por vim.

Com o transporte turístico cada vez mais caro, rodovia igual a queijo suíço (Vias esburacadas), muitas vezes alguns parentes a risca sua vida em ônibus clandestinos. Pois o que não falta é coragem para ariscar a vida em busca de voltar para o seu povo, onde tudo começou.
Para quem já sofre no dia a dia em busca de justiça social, é fichinha sentar em um ônibus clandestino que só tem um destino à Aldeia de Pankararu, sem se preocupar com a hora, dia em que vai chegar, mais a ansiedade de está na suas raízes é maior e gratificante, isso que nós dá coragem.
Sabemos do risco, mais a globalização capitalista nos faz irmos para as ofertas que corresponde com as condições de cada um.
É ilegal por não sabermos das condições de mecânicas do transporte e registro na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), mais é um fato real por não termos alternativas compatíveis com nossos bolsos e necessário para re-fortalecer cada vez mais as nossas tradições culturais e os vínculos familiares, pois já mais vamos esquecer nossas origens.
Dessas viagens muitos vão pra ficar definitivamente na aldeia, levando todos os seus pertences, movéis, motos etc… Pois tudo custou cada gota de suor que escorreu em teu corpo, seja no calor, chuva, dia, noite. Outros vão mais para participar das festas Tradicionais e outras.

O projeto do governo tapa buraco (pavimentação) é a mesma coisa de tapar o sol com a peneira, pois pagamos sempre os impostos que já vem na passagem e corremos mais risco de vida nessas estradas esburacas e com grande número de assaltos por conta dá má conservação das vias.
Ele prefere abrir mais vias passando por cima das terras indígenas e abrindo frestas na mata atlântica, ocasionando o desmatamento.
Porque eles não conservam as que já tem, em vez de abrir mais o que não pode manter em conservação. Isso se chama burrice, por parte dos políticos incompetentes. Está mais que provado que onde se tem vias são os locais onde se tem mais desmatamentos, por ser tornar vias de fuga dos madeireiros, e as pessoas que vão construindo na beira das estradas.
O transporte tem que melhorar e muito, e principalmente seus preços. Muitos indígenas passa o ano trabalhando para pagar seus custos de vida, e acaba não sobrando para pagar uma passagem de ônibus das tais empresas regularizadas. Não é uma viagem em ônibus de “nome” (São Geraldo, Itapemirim, etc) que vai para com o fluxo Pankararu, pois somos livres e as forças encantadas nós guiará!

Edcarlos (Carlinhos)
edpankararu@yahoo.com.br