Eu me levanto pela manha divida entre dois desejos: o de melhorar o mudo e o de curtir o mundo.
Isso torna-se difícil planejar o dia .
Desde a chegada dos jesuítas e portugueses e índios foram vitimas de um intenso processo de influencia dos brancos. A descaracterização da cultura indígena e a perda da fé mitológica são crescentes.
No lugar das suas antigas crenças em deuses como o Deus Sol e Mãe Lua foram impostos novos santos e os combates aos costumes nativos e o limite de interferência na cultura de milenar dos índios cheio de silêncio fizeram a nossa nação!
Há milhares de mulheres e homens, jovens e crianças que sofrem em silencio. Pois esta gente gostaria de ter sala cheia iluminada e barulhenta, hoje abriga mulheres homens jovens sedentos cheias de sofrimentos e angustias.
Algo de selvagem ameaça a sala de jantar, feras de desprezos do abandono prontas a atacar. Onde se escondem as vozes, as luzes, as sobras de alimentos?
Porque insistem em ausência? Porque negam os nossos direitos que há muitos anos estão prisioneiros aos cativos do tempo e a idade os indultos da compaixão. Há mulheres, homens crianças e jovens na sala de jantar que não sofrem de louca ou luto, mas que sofre de silencio da justiça.
Ainda somos sufocados pois estamos sendo proibidos de gritar pelos nossos direitos. A nossa liberdade está sendo privada, pois os enganadores ainda não aprenderam o que é democracia. A grandeza de todos nós indígenas é ter a liberdade de correr, gritar, sorrir e respirar e olhar o ar verde de nossa natureza sem que alguém nos proíba.
As nossas comunidades sempre vêm sendo ameaçadas por grileiros, justiça, policia federal e militar, juízes e oficiais de justiça tentando nos calar com palavras agressivas, prometendo a prender as nossas lideranças e os grileiros com nossas terras em seus domínios repletas de pistoleiros com a tentativa de exterminar as nossas lideranças que não aceitam a proposta deles.
Sabemos que a discriminação racial parece que não existe no Brasil, mas na verdade existe e é forte. Com a chegada dos portugueses e os jesuítas em nosso Brasil foi um momento de confronto de culturas e massacres. Nos últimos anos estamos vivendo um choque com o fim da cultura agrária, urbanização e a globalização. Como vocês vem a riqueza e o conflito desses “momentos de verdade”? São 507 anos de luta dos povos indígenas… se tudo fossem migalhas quem teria comido o pão? Se neste mundo tudo é resto quem ficou com a boa porção? …
Tenho certeza que Pedro Álvares Cabral ainda continua chegando em nosso Brasil, porque nos indígenas não temos paz, somos mortos como bois de corte e o nossos direitos violentados por homens brancos que não respeitam o nosso jeito de ser.
Quero dizer: educação é aquilo que fica depois que vc esquece o que a escola ensinou. Sou inspirada no que aprendo com a natureza, nos animais, os pássaros e enfim com todos os rebanhos por que o verbo mais importante é ESTIMULAR.
O que deve ser feito para realmente desenvolver a nossa sociedade? A dor é o adubo que faz crescer em nos a produção evolutiva. O arado que rasga o seio da terra é que permite a colheita abundante. E as lágrimas que fertilizam nossos corações tornando possível um progresso maior…
A maior felicidade é quando acreditamos em nós mesmos e no Pai Tupã. Esperamos que sejam respeitados de verdade os anceios de todos os indígenas porque ainda existe um jogo de político muito forte dentro das comunidades tentando tolher os indígenas de gritar pelos seus direitos. Temos universitários de várias etnias que estão passando várias dificuldades para alcançar os seus objetivos desejados.
Temos que ter coragem em todas as circunstancias da vida por piores que lhes pareçam as dificuldades, tenha a certeza de que pode supera-las com a persistência e a força que provem de seu íntimo. Deus está dentro de cada um de nós pronto a dar-nos energia e vigor animo e incentivo. Confie na bondade do pai, que jamais desampara nenhum de seus filhos.

Maria José Muniz Andrade da Comunidade Pataxó Hãhãhãe – Pau Brasil-Bahia
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