Relatório do primeiro encontro do Premio Tuxaúa Cultura Viva, realizado nos dias 02 e 03 de setembro de 2011 na Aldeia Imburana, em Poranga Ceará.

O primeiro encontro do projeto; Tradição, Diversidade e Cultura dos Povos Indígenas Tabajara e Kalabaça de Poranga, coordenado pelo Sr. Jorge Tabajara, premiado com o prêmio Tuxáua Cultura Viva edição 2010, iniciou-se no dia 02 de setembro de 2011 na escola Diferenciada de Ensino Fundamental e Médio Jardim das Oliveiras (Escola Indígena), na Aldeia Imburana.

O primeiro dia começou com o credenciamento das lideranças, sábios, curumins e professores indígenas das Aldeias Imburana e Cajueiro dos Povos indígenas, Tabajara e Kalabaça de Poranga Ceará. Após o credenciamento iniciamos os trabalhos do dia com um grande ritual sagrado (Toré) para agradecermos ao Pai Tupã, pela conquista do prêmio para nosso povo, pedimos paz, coragem, força e na oportunidade rezamos para as nossas lideranças que tombaram lutando pelos nossos direitos e assim decretamos a abertura do primeiro encontro Tuxáua em Poranga.

Após o momento de oração tivemos um pequeno intervalo para o lanche e em seguida, convidamos as seguintes autoridades: Irmã Margareth uma belga que está no Brasil há mais de 35 anos e foi importantíssima para o inicio da organização do movimento indígena em Poranga; Maria José Rodrigues Carreiro uma das primeiras professoras indígenas de Poranga e que contribuiu muito para o processo da educação escolar indígena em nossa aldeia; Maria Alves da Silva professora indígena da etnia Tabajara e primeira Coordenadora do CIPO – Conselho dos Povos Indígenas Tabajara, Kalabaça e outros de Poranga e região; Maria Eliane da Silva Gomes grande liderança, professora indígena da Aldeia Cajueiro e primeira diretora da escola indígena de Poranga e o Cacique Jorge da Silva Gomes, o Tuxáua do Projeto: Tradição, Diversidade e Cultura dos Povos Indígenas Tabajara e Kalabaça de Poranga. O objetivo da palestra era explicar a todos os jovens indígenas e presentes, a linha do tempo da nossa história desde as primeiras pesquisas e reuniões até os dias atuais, com as palestras os participantes ficaram sabendo todos os nossos desafios e conquistas na luta pelos nossos direitos como; a demarcação de nossas terras, educação escolar diferenciada indígena, a luta pela saúde indígena entre outros. Foi um momento importantíssimo para o nosso povo, pois tivemos a oportunidade de compartilhar com as lideranças jovens um pouco mais sobre a nossa história. Em seguida foi proporcionado um momento de debate onde muitos alunos, jovens e lideranças usaram o microfone, fazendo perguntas a fim de, tirarem suas duvidas.

No período da tarde iniciamos novamente com o ritual sagrado e em seguida, Eu, Jorge Tabajara o responsável pelo projeto fiz a apresentação do projeto desde os desafios para elaborá-lo, para encaminhar e principalmente as dificuldades para aprovação devido a concorrência no Brasil inteiro. Na oportunidade expliquei etapa por etapa, e quis os objetivos que pretendemos alcançar ao final do mesmo.

Depois da explicação dividimos a plenária em grupos para trabalharmos com as seguintes temáticas: O que você espera do Projeto? Qual a importância do mesmo para o nosso povo? Foram alguns minutos de trabalhos e ao concluírem, houve um momento para a apresentação dos trabalhos onde pudemos perceber a motivação de todos em está participando do projeto pela primeira vez. Veja o trabalho de uma das equipes: “Esperamos que esse projeto fortaleça os jovens, na luta pelos nossos direitos, que informe sobre as lutas, conquistas das lideranças que estão de frente conseguiram conquistar. Que depois do projeto todos os jovens que participaram possam socializar com os demais, fortalecendo e valorizando a nossa cultura e tradição sem esquecer do indicio e das pessoas que contribuíram para que hoje possamos está aqui. Que esse projeto também prepare lideranças jovens para atuar dentro e fora das nossas aldeias. Que a nossa cultura seja muito mais valorizada, passando de geração em geração e se mantenha sempre viva entre nós povos indígenas de Poranga”. Esses foram os depoimentos da equipe composta por: Eliane, Ednardo, Dona Francisca, Jaqueline, Jonilsa, Leonardo, Eduardo e Dona Fausta, todos índios da etnia Tabajara.

Ainda na tarde do dia 02 assistimos a um vídeo com o tema: A quebra do silêncio e luta pela Demarcação das Terras Indígenas e um palestra com o mesmo tema ministrada pelo Nailto do povo Tapeba do Ceará.  Em seguida abrimos especo para um debate bastante proveitoso contando com a participação de muitos jovens e lideranças indígenas participando ativamente das discussões e tirando suas duvidas. Após o debate tivemos um espaço para o lanche e em seguida finalizamos o primeiro dia o projeto com o Toré, nosso ritual sagrado.

      Segundo dia de encontro do Premio Tuxáua em Poranga. 03/09/2011.

No sábado, dia 03 de setembro de 2011, iniciamos o segundo dia de trabalho na Escola Diferenciada de Ensino Fundamental e Médio Jardim das Oliveiras – Escola Indígena, com o ritual sagrado pedindo a Pai Tupã força, coragem e sabedoria para enfrentarmos mais um dia de trabalho. Márcia Maria Rodrigues Viera, índia da etnia Tabajara fez o uso da palavra para falar a importância do Projeto: Tradição, Diversidade e Cultura dos Povos Indígenas Tabajara e Kalabaça de Poranga e parabenizar a todos os escolhidos por estarem participando do projeto que com certeza deixará bons frutos para o nosso povo. Em seguida leu o termo de compromisso assinado por todos os presentes.

Nailto do povo Tapeba de Caucaia Ceará deu uma palestra falando sobre “A importância das praticas esportivas culturais como instrumento de visibilidade para os povos indígenas”. Na ocasião assistimos a um vídeo abordando o mesmo assunto. Após a palestra e o vídeo, houve um momento para debate entre os participantes que na oportunidade tiravam suas duvidas sobre as praticas esportivas do povo Tapeba e ao mesmo tempo faziam uma comparação sobre as nossas praticas esportivas presentes ainda hoje.

Após o lanche chegou o momento da equipe de animação entrar em ação, comandada por Tia Ray, professora indígena da etnia Kalabaça de Poranga, não faltou descontração, primeiro um grupo de jovens fizeram uma apresentação usando maracás numa apresentação indígena. Houve dinâmicas e musicas todos contagiados pela equipe de animação.

Após o almoço assistimos a um vídeo falando sobre um momento histórico para nosso povo, no dia 19 de abril de 2010, reunimos todos das aldeias Cajueiro e Imburana e com muitas faixas, bandeiras e carros de som que entoava nosso ritual e em alguns momentos nós lideranças parávamos nas ruas para reivindicar nossos direitos dentro de nossa cidade, bem como o respeito como povos nativos, indígenas do lugar, direitos as nossas terras, saúde diferenciada, educação escolar indígena e muitos outros direitos constitucionais que são garantidos na Constituição Federal Brasileira de 1988.

Um dos momentos marcantes do primeiro evento foram os encaminhamentos, pois escolhemos um grupo Tuxáua composto por 15 lideranças jovens, juntamente com Jorge Tabajara o articulador do projeto para discutir juntos os próximos passos do projeto e outras ações dentro das Aldeias Imburana e Cajueiro. Decidimos juntos reavivar a festa da mandioca em nossa aldeia e tornar tradição, pois é um potencial de nosso povo que está um pouco adormecida e não podemos de maneira alguma deixar nossa cultura esquecida. A festa da mandioca deverá ser realizada ainda este ano dentro de umas das etapas deste projeto. Temos ainda muitas outras oficinas que também deverão ser bastante proveitosa, mas, a primeira foi um sucesso primordial para nós povos indígenas de Poranga no Estado do Ceará.

Abraços em todos…

Jorge Tabajara